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Universidade Federal: quem não quer uma? Por: Gabriel de Melo Neto

Universidade Federal: quem não quer uma?[1]

 

Gabriel de Melo Neto[2]

 

No último dia 13 de março na cidade de Porangatu Goiás, ocorreu um importante Ato Público no auditório do Centro Cultural, uma grande multidão reuniu-se com o objetivo de apresentar ao reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edward Madureira Brasil, a proposta de criação de uma unidade da referida universidade naquele município. Centenas de populares e autoridades políticas se fizeram presentes, entre as quais, 19 prefeitos e 2 deputados federais, além de empresários e agropecuaristas, representados pela Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Porangatu (ACIAP). De imediato o prefeito daquele município doou uma área de 20 alqueires no perímetro urbano e a câmara de vereadores se comprometeu em dar todos os encaminhamentos legais necessários para a efetivação da proposta.

Enquanto na cidade de Porangatu a população faz carreata com centenas de carros, mobiliza milhares de pessoas, superlota auditório, junta forças de diferentes grupos políticos com o objetivo de criar uma unidade da UFG, em Catalão, a história tem sido bem diferente, com autoridades  políticas – salvo raras exceções – insensíveis a vontade e a necessidade de milhares de famílias catalanas e da região, que necessitam de universidades para formar os seus filhos.

Por Catalão já passaram prefeitos que simplesmente trabalharam com o objetivo de fechar o Campus da UFG, deixaram de cumprir convênios, de pagar professores e realizaram atos de perseguição e ameaças a professores, estudantes entre outras pessoas progressistas que ao longo dos anos lutaram por uma universidade pública, gratuita e de qualidade no município. Tendo até prefeito que afirmava em “alto e bom som”, que a UFG/Catalão era um câncer para as finanças do município e que precisava ser extirpado a qualquer custo. Raras também, não foram as promessas vazias, principalmente feitas em vésperas de eleições.

Apesar de tudo após quase 3 décadas de implantação da UFG Campus Catalão, a cidade e o Campus não são os mesmos, enquanto a cidade praticamente dobrou a sua população e teve um espetacular crescimento econômico a UFG/Catalão formou milhares de estudantes, através dos atuais 22 cursos de graduação, 4 de mestrado e inúmeras especializações, melhorando a vida de milhares de famílias por meio da ascensão profissional e humana, e das diferentes formas que uma universidade colabora para a vida da sociedade na qual a mesma está inserida. Atualmente é difícil negar que muito do grande desenvolvimento social e econômico que a cidade tem vivido nos últimos anos está diretamente relacionado a presença da UFG.

É verdade que a situação em Catalão poderia ser bem melhor, principalmente se os grupos político-partidários que lutam pelo poder – utilizando não raras vezes práticas coronelistas – “pensassem grande”, se tivessem unido forças no passado recente, é bem provável que atualmente ter-se-ia em Catalão não um Campus da UFG, mas sim uma Universidade Federal autônoma com inúmeros outros benefícios, mais cursos, professores/pesquisadores, servidores, estudantes, bolsas, assistência estudantil, projetos de extensão, pesquisas... e milhões de reais que são destinados diretamente do orçamento da União para as Universidades Federais e que com certeza trariam inúmeros benefícios para toda população da região.

Diante do exemplo de Porangatu, é necessário parabenizar a iniciativa da sociedade e autoridades daquela cidade e região, pelo efetivo envolvimento nessa importante causa que é a defesa, ampliação e democratização da universidade pública, gratuita e de boa qualidade, para uma população tão desprovida do acesso a centros universitários. Desejamos também, que a luta do norte goiano seja vitoriosa e que em breve tenhamos mais uma unidade da UFG situada naquela região.

Por fim – enquanto catalano – propomos as seguintes indagações: Será que a sociedade catalana e do sudeste goiano irá se mobilizar para o fortalecimento da UFG e/ou para a sonhada autonomia com a criação da Universidade Federal de Catalão? Será que os atuais gestores públicos locais irão efetivar os compromissos assumidos na última campanha eleitoral e fortalecer parcerias, convênios, cooperações, dando todo o apoio necessário à UFG/Catalão? E quanto aos grupos político-partidários locais, eles irão finalmente “pensar grande” e trabalhar diuturnamente, de forma conjunta e organizada, pela criação da Universidade Federal de Catalão (Cerrado ou Sudeste Goiano)?



[1] Artigo de Opinião publicado no Jornal Diário da Manhã em 26/04/2013.

[2] Professor da Rede Estadual de Educação em Goiás e Presidente da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) Seção Catalão.


 

Link do Artigo no Jornal: http://www.dm.com.br/jornal/#!/view?e=20130426&p=23
 


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Prof. Ms. Gabriel de Melo Neto
Rede Estadual de Educação de Goiás
Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) - Seção Catalão
Núcleo de Pesquisa Dialogus - Estudos Interdisciplinares em Gênero, Cultura e Trabalho - UFG/CAC
Núcleo de Estudos e Pesquisas Infância e Educação (NEPIE) - UFG/CAC
 
Núcleo de Pesquisa Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais (GETeM) - UFG/CAC

Fonte: UFG/CAC/GETeM